segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eu me imagino velho.


Isso é inevitável, mesmo vivendo na pele a teoria do caos. Teoria essa, pra quem não conhece que é um verdadeiro choque de realidade.

Pensem bem... Viemos ao mundo sem termos pedido, e sem entender direito como e por quê.

Tá certo... Nossos pais quiseram, ou não, foram desatentos... Mas a questão é que nascemos, e nascemos desde sempre. Desde o primeiro homem..

Por quê?! Não sei. Assim como não sei por que qualquer coisa nasce, ou por que todas as formas de vida têm, invariavelmente, necessidade de reproduzir-se.

Aqui entra a segunda questão; pra que servem essas criaturas? Pra que eu sirvo? A resposta, adotada pela humanidade, há muito tempo, nos remete a primeira questão... Vivemos para nos perpetuarmos indefinidamente... É bíblico... A bíblia, aliás, oferece duas respostas em uma. Confortante, não acham?!

Isso sem mencionar que, de quebra, ganhamos a resposta pra terceira, que eu nem havia dito ainda; “pra onde vamos?”

“Pro céu...”

Pode-se divagar muito nessas questões, mas esse não é meu objetivo aqui! Desculpem o devaneio...
Assim, voltando...

 Imagino-me velho, mesmo nesse mundo caótico, em que se não pode afirmar com certeza que fará algo “amanhã”, afinal, amanhã nunca chega pra tanta gente...

Uma visão bem pessimista do mundo. Mas eu disse que me imagino velho! Você também deve se imaginar... É típico do ser humano se alhear dos pensamentos mais terríveis, como a morte, essa estranha inconveniente que jamais nos abandona... Enfim...

Imagino-me velho.

Não me preocupam os ossos frágeis ou a respiração difícil. Não me incomoda imaginar meu rosto desfigurado por rugas de expressão e pele morta. Isso é natural. Terrível, mas natural.

Mas tem uma coisa que me assusta.

A solidão.

Com isso não quero dizer a solidão física, não somente... Refiro-me, sobretudo, à solidão psicológica...
Pensem... Pra qualquer jovem é muito difícil “aturar” os mais velhos, que dirá compreendê-los... Não adianta, ninguém foge a essa regra!

Você pode amar seus avôs, respeitá-los e ouvi-los, mas entendê-los?! Duvido.

Você os escuta e pensa como são antiquados, algumas coisas que dizem jamais farão sentido pra você, então você assente com a cabeça e as esquece, no momento seguinte em que foram balbuciadas com esforço...

Eu não sei se os mais velhos têm consciência de que suas palavras, muitas vezes, são tão volúveis quanto o vento que as carrega, mas temo que sim.

Temo, mais, que esses senhores e senhoras queiram compartilhar seus pensamentos, suas vivências acumuladas de uma vida toda, e não possam... As palavras mudam com o tempo, e o seu sentido... Infelizmente não é possível acompanhar essa mudança para sempre.

Então, imaginem toda a fragilidade física de anos de deterioração da matéria somada a uma mente incompreendida. Não deve ser fácil.

Imagino-me velho. Vejo-me sentado em algum banco de praça, se ainda existirem, pensando no nada, o olhar furtivo...

Os jovens, e praticamente todas as pessoas se enquadram nessa palavra pra alguém tão velho quanto este eu, passam apressados, alguns nem me notam. Outros notam, e não podem esconder o olhar de complacência melancólica, como que penalizados pelo meu estado, como se sofressem pela minha senilidade evidente...

Que senilidade?!

Por detrás desta carcaça velha há consciência, estou vivo!

Eu pularia se pudesse, correria por estas veredas no meio do concreto abafado e encheria meus pulmões de ar!

Falta-me gana! Não... Falta-me força! Meus pensamentos, embaralhados, parecem conter a resposta dos séculos. Eu vivi esse mundo, à plenitude. Ouçam-me! Ouçam-me...

E no final sou isso... Só um velho senil, um velho caduco tomando o sol da manhã... A brisa fria corta meu peito, e eu sorrio. Eu sei de tudo. Ou talvez não saiba... Talvez a razão esteja me abandonando...

De volta deste sonho aterrador eu me pergunto... Não seria melhor mesmo que a razão me houvesse abandonado?

Quem quiser fazer disto uma metáfora, que o faça.

Por certo alguém já se sentiu incompreendido...  Isto não é coisa só de gente velha...

Mas alguém já se sentiu tão incompreendido a ponto de faltar-lhe o ar? Alguém já sentiu como se o mundo todo girasse indiferente, sem se aperceber da iminente verdade, terrível, que encerra geração após geração, a humanidade, reduzida a mais animalesca das formas de vida?

Não importa! Todos vão ficar velhos algum dia, ou não...

Eu me imagino velho...

Guilherme Rossi.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

E sobre a greve?


Aos leitores, 

Aviso que atendi alguns pedidos de amigos para escrever sobre a greve de forma não imparcial. Fiz uma síntese dos acontecimentos, pois sim, são muitos, mas o essencial pra se entender a situação está aí.
Já digo antecipadamente que expresso minha opinião de forma nítida e que estou a disposição para maiores conversas e ideologias.
Por fim, a formatação do texto não está como queria, mas eu não estou tendo a devida paciência de arrumá-lo.

Boa leitura!
Marina Urizzi
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Por que parou? Parou por quê?


Ontem (17) cheguei ao IFSP-Campus Sertãozinho e me deparei com a portaria assim.


E lá dentro:



Ninguém tá vendo o meu reflexo no espelho. #Abafa

No Brasil, infelizmente, quando uma instituição pública não vai bem, ocorre uma paralisação geral, ou ao menos de grande porte, para que as autoridades possam observar e zelar por esta esquecida.

Pois bem, como estudante do segundo ano do curso Técnico em Química pelo Instituto Federal de São Paulo, estou tendo a ‘’oportunidade’’ de ver uma greve Federal bem de perto e assim, analisar as causas, as posições e futuras conseqüências.

Tudo começou com o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), o qual enviou um comando de paralisação nacional para os dias 15 e 16 de junho com intuito de revisão e discussão das novas regras impostas.

Para quem não sabe, os Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia educam jovens com cursos técnicos integrados ao ensino médio e cursos superiores que estão espalhados Brasil a fora.  Já de longa data, são instituições regadas de premiações por inúmeras formações e encaminhamentos ao mercado de trabalho.

Das causas
Recentemente, muitas reivindicações passadas e presentes estão sendo fortes o bastante para paralisação de salas de aula e laboratórios.

Falando do caso que tenho a oportunidade de ver por aqui, ocorre que, devida expansão de campi, alguns campus já existentes, porém recentes, cederam professores e estrutura para suprir essa necessidade de, de...

Necessidade de expansão ou de campanha política?

Não podemos ser contra a expansão dos institutos e conseqüentemente, da educação de qualidade e claro, formação de qualidade, mas, a partir do momento que isso atinge outro campus com professores e alunos, deve sim ser revisado e planejado para que não haja mais problemas do que o necessário.

Então fica assim... Mais ou menos aqui... Mais ou menos lá...


E só pra finalizar esse tópico de estrutura física e de corpo docente, muitos alunos de IF reivindicam quanto o contrato de professores, já que muitos acabam no meio do ano e aí começa: complicação pra ter novo professor, que leva a reposição desnecessária no futuro.

Mas o grande comentário para essa greve de nível federal tem sido o Projeto de Lei 549/09 - congela salários dos servidores públicos por 10 anos. Realmente, não preciso me estender ao lembrá-los do quão é desvalorizado o professor no Brasil e o absurdo que é o congelamento de salário...

E o mais revoltante não só para mim, como para todos os professores: atribuição de carga abusiva aos professores, onde só para se ter uma ideia, após a realização de alguns cálculos, obteve-se uma média de 23 minutos para que o professor possa organizar cada aula a ser ministrada. Tempo esse que tem de ser dividido ainda para a correção de provas, trabalhos e preenchimento dos diários.

Sinto cheiro de escola estadual no ar...

Vale frisar que o movimento se estende a algumas Universidades Federais e um campus da USP, em Lorena. Cada qual em sua reivindicação

Dos discentes
Como aluna, ou discente, vejo toda a situação sem poder fazer algo realmente significativo, já que a greve cabe aos professores, mesmo sabendo que essas situações atingem o meu aprendizado e formação.

Então o que a gente faz? Dorme até tarde?

É, pode até ser, mas...

O aluno tem direito de apoiar ou não a greve. Tem o direito e dever de se informar sobre o motivo de ficar em casa e não cumprir sua carga horária de curso. O aluno que apóia a greve por achá-la justa tem o direito de cobrar do professor que não está participando uma explicação por isso, aliás, o aluno que apóia tem o direito e dever de conscientizar não só esse professor dos prejuízos que viram caso essas medidas sejam realmente colocadas, como também, devem informar pais e comunidade do acontecido.

Educação pública e de qualidade cabe ao Estado, diretor, professor, aluno e aos pais.

Do futuro
Todos deveriam levar em consideração a importância da valorização do ensino público Federal, tanto para o ensino técnico/médio quanto o ensino superior (tecnólogo, licenciaturas e engenharias), afinal, se essas reivindicações não forem aceitas, certamente teremos professores menos contentes que levaram o nível das salas de aulas para o fundo do poço, e assim, levando à falência talvez a única escola pública de qualidade no Brasil.

A greve está aí e a sua proporção está interessante. Resta esperar.

Para informações sindicalistas: http://www.sinasefe.org.br/

No twitter, #FederalEmFreve

Marina Urizzi está aproveitando a greve para estudar e recuperar nota baixa.








domingo, 14 de agosto de 2011

O problema é educar

Quando você é criança, ir pra escola geralmente dá muito medo. Ficar um período inteiro longe dos braços da mãe e do pai causa muito desconforto pros pequenos. Já quando se é adolescente, ir ao colégio é a melhor alegria do mundo: você fica longe da sua casa, da chatice dos seus pais, do seu irmão, e principalmente,dos afazeres domésticos. Fora o fato de ter seus melhores amigos por lá; namorado, namorada...

E aí quando você cresce mais um pouco, e não é mais adolescente, mas também não é adulto, você entra na faculdade pra finalmente, ter prazer em estudar algo, algo que você sinta paixão.

Como se isso fosse realmente um resumo do que acontece na sua vida escolar, não é?

No Brasil, educação pública é um dos temas que eu mais adoro discutir e insistir, até mais que a saúde, pelo simples fato da educação ser base da sociedade; a base de um ser humano.

Por experiência própria, até hoje, eu sou estudante de escola pública: passei do município para uma vagada rede federal. A minha dificuldade foi pequena diante da prova de seleção já que por sorte, eu consegui uma boa escola no fundamental, com bons professores, e sim, era pública.

Mas quantas dessas temos por aí? Quantos brasileiros têm a mesma oportunidade?

Ser estudante da rede pública municipal e estadual te dá, acima de tudo, muitas limitações para uma vaga nas grandes universidades e consequentemente, uma vaga no mercado de trabalho. As limitações físicas das escolas, limitações curriculares dos professores e a falta de incentivo a ele em forma de salários baixíssimos e cargas horárias abusivas, são pratos cheios para o declínio da nossa educação. E, considerando que, o Brasil é formado por duas populações (a minoria rica e a maioria pobre) não é preciso enfatizar o fato de que tudo tende a piorar.

As redes públicas de ensino fundamental e médio estão indo a falência. Podemos salvar poucas e essas poucas se comparadas particulares, são péssimas. E a grande charada da educação no Brasil que se deixa é: precisamos ter dinheiro pra conseguir ser estudante e bem formado? E até quando?

E sobre a greve?
Próximo post...

Marina Urizzi é orgulhosa por sempre ter sido estudante da rede pública.




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Caro leitor,

Gostaríamos de avisá-los antes de qualquer outra coisa sobre nossa intenção com esse blog sem muitas voltas.

Ser casmurro nada mais do que uma inspiração tirada (não tão obviamente assim), de Dom Casmurro, do gênio Machado de Assis, que, não se concentra apenas ao redor da acidez e sim, de um questionamento sobre tudo e todos.

As casmurrices estão soltas por aí. Basta olhar, mas na verdade, observar. E no questionar, escrever, e no escrever, não temer o explorar da língua e todos os verbos, e depois de pronto, não se preocupar com o julgamento que certamente virá.

Temos certeza de que alguma vez na sua vida, você se deparou com alguém intrigante ou situação revoltante que lhe fez pensar e até escrever, mas não se sabe por que, você esconde essa  sua vontade tão única de mostrar o que pensa ou acha.

Nossas casmurrices não possuem limites e nunca daremos margens a nossa imaginação, afinal, o papel aceita tudo.

E o Word também!

Por fim, destinamos nossas ideias para pensadores próprios, ociosos criativos e aos casmurros saudáveis do dia a dia.

Sejam bem vindos!

Marina Urizzi & Guilherme Rossi